sábado, 26 de novembro de 2011

histórias que gosto de contar


Da necessidade da escola laica
Val Salvagnini
Das historias que gosto de contar, muitas delas se passaram na sala de aula, e tantas outras foram decorrentes do torneio de bet’s que tornei tradicional no mês de outubro, em comemoração ao mês da criança, propositalmente, uma vez que nossa sociedade capitalista valoriza as compras e vendas nesse mês persuadindo a criança a convencer seus pais, que o fazem para tentar compensar o tempo que ficam longe de seus filhos. Pois bem, criei o torneio de bet’s, o TOB’s, justamente nesse mês, por se tratar de uma brincadeira folclórica, muito divertida e bastante esportiva, mas também com o intuito de tentar atrair a atenção de meus alunos para outras ocupações, que não seja somente a televisão ordenando a compra. E não é que deu certo? Mal inicio o TOB’s na escola e todo dia, quando volto para casa, vejo meus alunos brincando com seus amigos em frente a suas casas.
Desde então, todo ano, sempre ocorrem algumas histórias que me emocionam, como aquela em que dois meninos que se odiavam, e não faziam questão de esconder isso de ninguém, foram sorteados para serem parceiros no jogo. Evidentemente que de início gritaram que não jogariam com “aquele”, mas, métodos persuasivos à parte, acabaram jogando e, melhor que isso, deram o show de companheirismo, confiança, respeito, luta e dedicação para alcançar o primeiro lugar no tornei. Não foram os vencedores, mas ganharam muito mais que a medalha que lhes foi oferecida ao final do torneio.
Também tem aquela outra historia em que o menino não quis ganhar de seu melhor amigo. Todos gritavam; “vai” ele não ia, “bate” ele não batia, “corre” e ele não corria. Ninguém entendeu o porquê d’ele não ter se esforçado como havia feito em outros jogos, mas eu entendi: ele estava jogando contra seu melhor amigo e, humildemente, respeitosamente e discretamente ele preferiu perder o jogo a derrotar seu amigo.
Mas essas histórias conto numa outra ocasião, pois a que quero contar hoje é a ocorrida nesse ultimo TOB’s. é a historia do menino chamado João. Menino lindo e nobre como tantos outros. Negro, chegado da Bahia a menos de dois anos, pois bem, João exibia, como todo baiano que se preza, carinhosamente e orgulhosamente, seu belo sotaque e toda a sua realeza baiana. Havia trazido com ele, além disso, também sua religiosidade, que, menino inteligente, não a ostentava corriqueiramente, principalmente em se tratando de nossa região com predominância, quase que provinciana, do catolicismo e ainda, fruto dos novos tempos, o protestantismo.
Mas, volta e meia, João falava, ainda que de brincadeira, de sua religião. Como todo moleque dizia coisas como:
- “Eu sou preto”
_ “Eu sou da Bahia”
_ “Eu sou macumbeiro”
Minha bandeira é o respeito às diferenças, então perguntei a João sobre sua religião e ele me disse que sua avó era mãe de santo (Mãe Rita de Oyá) e trouxe um cartão de visitas da avó, acompanhado de uma solicitação de que viesse conhecer o terreiro, convite este que agradeci e de bom grado retribui junto com um amigo.
E então o TOB’s: João vinha liderando o torneio juntamente com a amiga Isabella e, invicto, ganhou certa confiança na conquista do 1º lugar. Até que Matheus e Vitória, numa onda de sorte, se destacaram e chegaram a final para disputar com João e Bella.
João iniciou o jogo na certeza de que seriam apenas alguma “beteadas” para uma vitória fácil, mas não foi bem assim, Matheus e Vitória estavam, como já disse, numa onda de sorte e vieram com tudo.
E o jogo iniciou com João e Bella realmente em vantagem, chegando logo-logo aos 24 pontos. Então anunciei, como sempre faço: “Só falta bater pra ganhar!”
Foi aí que João e Bella, aos 24 pontos, perderam a bet’s para Matheus e Vitória que, ponto a ponto, alcançaram os rivais equilibrando o jogo: 24 a 24.
Como já havia dito a João e Bella, repeti a Matheus e Vitória relembrando-os que agora era “só bater e ganhar”. Nas tentativas de Matheus e Vitória, João derrubou a latinha de Matheus e ouviu novamente a frase “é só bater e ganhar, João!” e quando a latinha foi novamente derrubada, dessa vez por Vitória, ambos me ouviram dizer de novo “é só bater e ganhar”.
Diante de tanta insistência (eles em ganhar e eu em salientar a suposta facilidade em ganhar), o jogo acabou ficando tenso de tal forma que João começou a pedir ajuda aos santos. Ainda timidamente falou: “Valei-me Iansã!”
Como de costume, os amigos riram e ele também, mas eu senti que aquele apelo estava longe de ser uma brincadeira.
Mais algumas jogadas se seguiram até que João derrubasse novamente aquela latinha e, quando o fez, antes mesmo de eu gritar aquel insistente frase, João despojou-e de sua descrição de sempre e em alto e bom tom bradou:
-“Eparrei, Iansã! Odoiá, minha mãe Yemanjá! Okê-arô, Oxossi!! – bateu na palma da mão, curvou o corpo sobre a bet’s, rodopiou em volta da latinha e ao final disse,– me ajude, mamãe oxum!
Então, Matheus arremessou a bola e a cena que se viu foi de arrepiar. A “beteada” de João foi tão forte e certeira que a bola parecia estar sendo levada pelos ventos de Iansã.
João e Bella correram para a conclusão do jogo e, ao gritar “vitória”, João jogou-se de joelho no chão com as mãos juntadas e, após flexionar a cabeça, levantou-se, ergueu as mãos para o céu, abriu os pulmões e gritou:
- Obrigado, mamãe Iansã!
Só depois disso foi que correu, abraçou Isabella e na sequência pulou em meus braços.
A emoção que tomou conta de mim não dá para descrever. Eu não estava torcendo para João, afinal de contas eu era o juiz do jogo e professor da turma, essas duas posições me obrigavam uma neutralidade, mas confesso que fiquei muito feliz com a vitória de João e Isabella, não pelo jogo, mas pela possibilidade que João teve de poder expressar publicamente sua religiosidade, como fazem todos os dias os católicos daquela escola ao rezar o Pai-Nosso na entrada para sala de aula.
Naquele dia percebi, na prática, a importância e a necessidade de a escola ser laica e mais do que isso, de dar liberdade aos alunos de se expressar religiosamente de acordo com seus princípios. Nunca concordei com manifestação religiosa na escola, principalmente porque elas reforçam o posto na sociedade e ao fazerem isso inevitavelmente refletem o preconceito desta. Espero que essa história possa contribuir como exemplo disso.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Olha só, navegando (navegar é preciso ...) encontrei esses dois endereços. O primeiro são sugestões de atividades para impressão e o segundo para ser realizado on-lin. Ambos muito bons. Bjinhos do Val



Esse site é mesmo muito bom, mas é preciso dar uma olhadinha pedagógica. AQUI ESTÁ UMA SUGESTÃOZINHA PARA UM DOS JOGOS. OS PEQUENINOS ADORAM! Bjinho do Val


CURSO: Tecnologias na Educação
CURSISTA: Valdemar Salvagnini
TUTORA: Claudia Totoro
TURMA: segunda-feira
ATIVIDADE: jogo: Alfabeto de sabão

Turmas: pré-escolar e 1º ano

Objetivos:
  • Aprender e/ou aperfeiçoar o uso do mouse;
  • Aprender e/ou aperfeiçoar a uso do teclado;
  • Ajudar na coordenação visual teclado/mouse/tela;
  • Reconhecer e ler o alfabeto;
  • Ajudar na memorização do alfabeto através de recursos audiovisuais.

o jogo:
  1. Nome do jogo:
Alfabeto de sabão
  1. Site:
  1. Descrição
Trata-se de um jogo que é narrado por uma mulher. Ela apresenta o jogo e o explica dizendo à criança que usando o teclado para estourar a bolha de sabão que a personagem faz, irá conhecendo as letras do alfabeto. São necessários vários toques em qualquer uma das teclas do teclado para que a bolha estoure. Ao estourar, a narradora lê a letra e exemplifica com uma palavra que se escreve usando a letra no início, dessa maneira a criança interage com o computador, com a narradora e como a letra do alfabeto. Ao término a narradora parabeniza a criança e salienta que ela já conhece o alfabeto.
  1. Observações
    1. Positivas
      1. A interação da narradora com a criança facilita o uso do computador, o entendimento do jogo, a leitura da letra e ainda a memorização da letra e a associação com a escrita da palavra.
      2. A parabenização ao término do jogo incentiva a criança a jogar novamente tornando possível a confirmação da aprendizagem, a retomada em caso de esquecimento e o reforço da memorização.
    2. Negativas
      1. A pronúncia da narradora para as vogais E e O está incorreta. As letras são pronunciadas respectivamente É e Ó, proporcionando que a criança memorize erroneamente a leitura dessas letras podendo causar dificuldades posteriores.
      2. A narradora erra novamente quando não apresenta nenhuma palavra de exemplificação do W e do Y, proporcionando à criança o entendimento de que essas letras não possuem exemplos de uso, quando várias de nossas crianças tem nomes iniciados por elas (Willian, Wallace, Ygor, Yollanda) e o próprio computador tem várias funções, sites, ou peças/partes que iniciam ou que usam essas letras (hardware, software, youtube, wikipédia, Windows)
      3. A narradora erra de novo quando oferece como exemplo de escrita para a letra M a palavra MAMÃE e não oferece para a letra P a palavra PAPAI.1
  2. Encaminhamento
    1. Pré-uso do computador: sala de aula-preparo doa alunos
      1. O professor deverá incluir essa atividade em seu planejamento. As atividades de sala-de-aula não são substituídas pela atividade on-line, os alunos devem fazer as leituras diárias do alfabeto (paredes e livros) e escrevê-las (atividades elaboradas).
      2. O professor deve explicar aos alunos previamente como serão conduzidas as atividades na sala de informática
    2. Durante o uso do computador
      1. O professor poderá deixar os aparelhos ligados previamente e já conectados ao site (por questão de melhor uso do tempo) ou ensinar os alunos desde o ato de ligá-los, que requer todo um conhecimento que pode também ser explorado pelo professor;
      2. O professor deverá trabalhar individualmente com cada aluno ao longo do trabalho para que todos atinjam os objetivos propostos.
      3. Uma vez que o jogo solicita apenas o uso do teclado repetidas vezes, o professor deve incluir à atividade o uso do mouse em uma dessas vezes para atingir determinados objetivos propostos, pois isto permitirá melhor desenvolvimento da criança no uso do computador.
    3. Depois do uso do computador
      1. O professor deve retomar a atividade em discussão, corrigindo ou fazendo observações principalmente nos quesitos que foram observados como negativos por parte do jogo, mas também para verificar se foram atingidos os objetivos propostos pelo professor.






1Em minha opinião pessoal esse fato isolado reforça a desestrutura familiar e ainda a ideia de que a responsabilidade pela educação escolar dos filhos cabe mais à figura feminina, desconsiderando que muitas crianças não possui a presença feminina e/ou ela não é de destaque na vida da criança.

bem vindo

"Quanto tempo temos antes de voltarem aquelas ondas que vieram como gotas, em silencio, tão furioso, derrubando homens, entre outros animais, devastando a sede desses matagais"?